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quarta-feira, 6 de julho de 2011

 A agonia está solta em minhas veias, enquanto caminho em direção ao véu que separa a vida e a morte.
 Já não consigo mais sentir nada de medo no controle do meu corpo frágil, mas sinto o molhado das lágrimas em meu rosto, se secar com a brisa gelada do vento.
 Ao meu lado vejo crianças a correr e brincar, vejo toda a inocência e ingenuidade e a invejo.
 As lembranças percorrem minha mente, eu já fora assim, mas acabei com toda essa pureza, por motivos tão fúteis.
 O que é o dinheiro no vale da morte?
 O barulho de uma multidão a frente me chama a atenção, há um casal de namorados discutindo, e parece que a dor do rompimento dos dois, diverte a multidão que os cercam.
 Onde está o amor ai?
 De repente o som do tapa que o rapaz deu na garota cortou o ar, e a multidão já exaltada, urra de excitação. Parece até uma selva, cada um por si, vence o mais poderoso.
 O som da sirene passa pelo o local, mas as expressões de zombaria nos rostos dos policiais dentro do carro me fizeram pensar, qual o valor de uma pessoa na sociedade hoje?
 A multidão se esvaio, e segui até a garota no chão, mas ao tentar ajudar, ouvi várias grosserias vindo dela.
 Aquela garota deveria estar tão acostumada a ser tratada mal, que se assustou com a gentileza.
 Voltei então para o meu interior, que se encontrava destruido e continuei caminhando até ao meu destino, até a minha escuridão.
Tumblr_lnvoqchkoe1qc3m8wo1_500_large Avistei dois gatos afrente, mas ao contrário dos humanos, um dos gatos estava ajudando o outro que havia se machucado. Rasguei minha blusa branca e estanquei o sangue da pata do gato, e ao invém de mordidas, o gato lambeu minha mão e me deixou ajuda - lo.                              
 Como de repente os papéis se inverteram, os animais passaram a ser racionais e os humanos irracionais?
 Continuei meu caminho e logo achei o que procurava, o prédio em que minha mãe havia se suicidado, a escuridão da minha vida.
 Evitei aquele local até hoje, pois acreditei que era o prédio culpado pela morte de minha mãe, mas é só uma construção, quem se jogou foi ela.
 Entrei e subi as escadas. Desde o dia que minha mãe .... bem, desde aquele dia, o prédio foi abandonado pelo proprietário não por medo de assombrações, e sim pela sua reputação.
 Cheguei até o telhado, o sol já estava se pondo e começou a garooar.
 Dali de cima, a queda era alta, vinte e quatro andares não era pouco.
 Meu coração começou a palpitar forte e minhas mãos começaram a tremer, parecia que meu corpo sabia do desejo insano guardado em meu âmago por todo esse tempo.
 Respirei fundo e estiquei uma das minhas pernas na beirada do prédio. Eu sentia as reações negativas dos meus membros, mas que sentido ainda há na vida?
 Fechei meus olhos e antes de eu conseguir esticar a outra perna, senti um aperto enorme no peito, senti saudades antecipadamente de tudo o que já tinha conquistado até agora, meu amigos, minha família, todos os momentos.
 Abri então meus olhos, e vi a minha frente um arco - iris lindo se formando, uma cidade inteira se iluminando, o sol trocando de lugar com a lua, como eu conseguiria deixar tudo isso?
 Recolhi minha perna e voltei para as escadas.
 Um sorriso brotou no meu rosto, um clarão me fez perceber, eu havia passado pelo meu maior teste e entendia minha mãe agora. Se ao menos ela entendesse um pouco mais de si mesma e da vida, ela teria conseguido ser capaz de impedir a si mesma, tudo teria sido diferente.
 Porque a morte se mostra mais fácil que a vida? Porque na vida percebemos a consequência das nossas merdas, mas sempre é reversível, ao contrário da morte. Seria bom se as pessoas que se cortam, se multilam por dentro, soubessem que tudo é passageiro, seja um problema, um desejo ou até mesmo um sentimento, sempre há uma solução, basta parar, respirar fundo, e refletir sobre sua vida e as pessoas envolvidas nela.

                                                                   xoxo
                                                               Shinemoon

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