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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Do Ciridião em diante.

Ao entrar no colegial, entramos junto na adolescência. São três anos, três anos onde tudo pode acontecer. Onde nos descobrimos e descobrimos o mundo, onde criamos laços de verdade.
Quando perguntamos para nossos parentes mais velhos sobre a adolescência, eles respondem que foi a melhor época de suas vidas, a mais divertida, a mais imprevisível, a mais memorável.
Parece mágica, mas a adolescência é realmente a época onde as coisas acontecem
Mesmo que no geral achem que é a fase da rebeldia, a adolescência é um dos momentos mais importantes na formação de uma pessoa. É quando realmente nos tornamos receptivos a exemplos e opiniões, quando aprendemos o significado verdadeiro de vários sentimentos/emoções e principalmente da palavra hormônio, quando passamos a ter nossa própria opinião e saber o que realmente nos faz bem.

E a Escola, bem, a Escola tem um peso danado, afinal é o lugar onde passamos a maior parte do tempo (tirando quando estamos dormindo ou na internet, fato). E sinceramente, não teriam sido os mesmos três anos, não teria sido a mesma adolescência, e eu não sairia com a mesma linha de pensamento, se não tivesse estudado no Manuel Ciridião Buarque.


E se esses muros falassem, contariam tantas histórias tão distintas e tão parecidas ao mesmo  tempo. Foram 3 anos quebrando a cabeça com matérias, rindo dos e com os professores, rindo dos e com os alunos, chorando, brincando, brigando, aprendendo, colando, passando (ou não) de ano. Foram 3 anos de amizades feitas, desfeitas e refeitas. De abraços, beijos, carinhos e xingamentos. E, no caso do 1º e 2º colegial, com a certeza de que mais um ano viria pela frente ( certo, pra alguns até mesmo no 3º colegial, convenhamos, rs. )


Cada pessoa que passou por mim, durante esse tempo, deixou uma marquinha, uma característica, uma saudade, e uma certeza, a de que eu nunca seria a mesma. Cada um de vocês me proporcionou uma experiencia, seja boa ou ruim, foi responsável por alguma memória que eu carregarei por toda a vida. 


Os Professores



Ah, meus professores, às vezes doidos demais, às vezes insistentes demais, às vezes bravos demais, às vezes bonzinhos demais. Mas em nenhum outro colégio existem mestres como vocês. Cada um soube ensinar a sua forma, não apenas matérias, mas lições de vida. 


Cada um usou da própria vida exemplo, pra tentar durante esses três anos colocar um pouco (ao menos um pouquinho) de juízo dentro de nossas cabeças. E a sua maneira, tenham certeza que não meramente conseguiram ajuizar ou ensinar, mas também marcar cada aluno, com a amizade, o carinho e principalmente o respeito que vocês sempre passaram. Foram 3 anos pegando no pé, passando quilos de trabalhos, pesquisas, caderninhos do aluno (:@) e dando bronca porque fazíamos pela metade, copiávamos ou não fazíamos mesmo. Mas no fundo, vocês, os melhores professores, fizeram de nós, melhores alunos.




Rotina


No começo alguns eram tímidos, outros mais extrovertidos, alguns se continham a rir das piadinhas dos mais engraçadinhos nos primeiros dias, outros já chegavam conversando com todo mundo. Mudar de escola, novas rotinas, novas pessoas, ora parece tudo tão diferente, outrora já está tudo tão familiar. A gente se acostuma, se habitua, se apega, e isso é inegável. Quem no começo parece estranho, após alguns minutos de conversa passa a ser colega, e depois passa a ser amigo. E a amizade cresce se baseando naquela rotina, naquela certeza de que entre segunda e sexta feira, você irá acordar cedo, enfrentar ônibus lotado, às vezes morrendo de sono, mal humorado, com dor de cabeça, mas ao chegar na escola, terão duas, três, ou mais pessoas que te farão esquecer o sono, a dor, o mal humor em cinco minutos. Porque na cabeça do adolescente, escola é mesmo um porre, mesmo "sabendo" que o que se aprende ali tem valor e é necessário, o que salva são os amigos, são as risadas, é o que torna a matéria mais chata suportável, é o que transforma o dia de cada um, e aquilo o que passamos durante aquelas cinco primeiras horas do dia reflete em todo o resto.
Nós criamos uma rotina, rotina que em nossa cabeça não tem fim. O fundamental demorou tanto pra acontecer, pra acabar, que parece que com o colegial será a mesma coisa. Mas não, são apenas três anos. E quando chegamos ao fim, ao último dia, na hora das despedidas, percebemos que não foi tão longo assim. Mas, e agora? O que fazer com a tal da rotina?


Amizade


Os laços criados não foram descartáveis, como disse, nós nos apegamos com uma facilidade imensa, criamos ligações sinceras com quem mais nos identificamos e nosso amigo cérebro acaba associando esses laços com a rotina. 






E quando se perde a rotina, como ficam os amigos? É difícil levar todas as pessoas, cada um sabe o caminho que tem que trilhar na vida, e nem todo mundo segue a mesma direção. Cada um cresce, assume suas responsabilidades e às vezes na correria da vida adulta se esquece daqueles bons anos, e das adoráveis pessoas que passaram em meio a esse tempo. A gente cria novas rotinas, vai em busca dos sonhos e não consegue conciliar o novo com o de antes. Mas sempre leva no peito e na memória os momentos marcantes que nos foram proporcionados, os sorrisos sinceros, os abraços fraternais, as histórias engraçadas, as caretas, as brincadeiras. Com o tempo a memória modifica, perdemos detalhes, nos esquecemos de algumas partes, daquelas brigas sem motivo, dos dias mais tristes, mais tediosos, mas dentro do coração, o carinho que conservamos é sempre o mesmo. E é esse carinho que valida a verdadeira amizade, é a certeza de que podem passar 20 anos, se trombarmos com aquele velho amigo na rua, não exitaremos em abrir o sorriso, seguido do nome do fulano, do abraço de cumplicidade, das palavras de nostalgia. E a vida, bom, a vida segue seu rumo, mas ela nunca será malvada demais, ela sempre cruzará, através de seus encantos, os caminhos que devem ser cruzados, aqueles que vale a pena cruzar. Porque laços verdadeiros são firmes, rígidos, grossos, astutos, e não é o tempo ou a distância que vai conseguir quebrar o que um dia foi construído com esforços. A saudade sim pode ser maldosa, faz crescer o nó na garganta, sufoca o peito, enche os olhos de lágrima. Mas essa também é vencida com facilidade pelos laços verdadeiros.


Então meus amigos, meus raros amigos, não se deixem abalar pela incerteza do futuro, pela separação, isso é tudo momentâneo, nós vivemos presos no futuro, o nosso presente é sempre mais parte futuro que passado. O que está guardado pra cada um de nós sempre conterá obstáculos, separações, tristezas. Mas, que valor daríamos a alegria, se não houvesse tristeza, que valor daríamos a vitória sem o obstáculo, e principalmente, que valor daríamos aos amigos, se não soubéssemos o quão duro é não tê-los por perto todo o tempo?
A frequência de vê-los vai realmente diminuir, mas bons amigos sempre arrumam tempo uns pros outros. E mesmo quando a vida estiver louca, e não tivermos tempo nem de respirar, a amizade sobreviverá, porque é isso o que ela significa, mesmo com a miscelânea de impedimentos, distância, falta de tempo, problemas, nós sabemos que em algum lugar do mundo existe alguém com quem podemos contar.




   Acima de tudo, não esqueçam que foram vocês que marcaram os melhores dias da minha vida.







Pra fechar, o vídeo, feito pela Maíra Fernandes, que expressa acima de qualquer palavra tudo o que eu sinto, tudo o que cada um de nós sente, e que me faz chorar a cada vez que o assisto.



Littlesun.