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domingo, 20 de maio de 2012


É assim, assim que começa. De um devaneio, uma ideia, uma ideologia. Nascemos, criamos consciência e assumimos um ponto, uma perspectiva. Nossa visão é nossa, só nossa, ninguém jamais verá pelo nosso ângulo. E por mais que queiramos, nunca enxergaremos pelo ângulo de outra pessoa também. Aceitamos um desafio chamado vida, desafio nada, designo, ou vivemos, ou existimos, e não há como querer apenas existir quando se possui alma e espírito. Sorrimos, choramos, aprendemos, nos apaixonamos, apostamos tudo, recuamos, respiramos, perdemos o fôlego. Perdemos o folêgo por muitas vezes, seja de gargalhar num domingo de manhã, ou chorar solitariamente colado no travesseiro quarta a noite.


Somos um meio. Onde não nos lembramos do começo, e vagamente sabemos sobre o final. A surpresa é o que nos move, a incerteza o que nos guia, e existe algo melhor do que isso? Se tudo fosse certo, fosse declarado, a monotonia reinaria e mal teríamos o tal do desejo de viver. 


O difícil é lidar com a impermanência. Saber que somos livres pra mudar e escolher é maravilhoso, mas saber que o relógio não pára para más escolhas é aterrorizante. Movemos o mundo, e somos movidos por ele, todos os dias, através de escolhas e atitudes. Conhecemos coisas novas e mudamos de opinião, jogamos o jogo da vida com todas as peças que nos são concedidas, mas só as nossas peças não são o suficiente. Queremos mais, queremos tempo, cores, amores, descobertas, experiências, palavras, gente ao lado e felicidade. E pra isso é imprescindível nossa coragem, a vontade de dar a cara a tapa sem se preocupar com as consequências - com o depois, querer sair do cômodo, do viável e ir atrás do abstrato, do inconcebível. Dominar ao invés de ser dominado, esquecer da vergonha, do conceitual, do pudor, e se entregar ao gosto do perigo, do difícil, do desejável. Ter jogo de cintura pra cair fora quando preciso, mas pra aguentar o tranco quando for necessário.


E em tantas voltas, novos ciclos iniciam e outros se encerram, pessoas aparecem e outras se vão, e a gente aprende que nada é perpétuo, que não existe laço eterno. Que, como nós, os outros estão sempre mudando também. Que cada pessoa que passa nos acrescenta e nos subtrai muitas coisas. Que cada sorriso conquistado vale muito mais que qualquer importante tesouro. Que precisamos parar de correr atrás ou fazermos correrem atrás de nós e simplesmente caminhar lado a lado. Que a única coisa que podemos realmente carregar é a nossa consciência, e que a energia que nos compõe não é diferente da que compõe o outro e no final somos parte de um mesmo todo. Um todo sem fim.


LittleSun.

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